Aversão ao risco derruba criptomoedas e Polkadot recua mais de 9%

O mercado de ativos digitais iniciou a semana sob forte pressão de venda, retomando a tendência de baixa que tem assustado investidores. Nesta segunda-feira, as principais criptomoedas do mundo registraram perdas significativas, em um movimento que reflete tanto incertezas macroeconômicas globais quanto tensões regulatórias na Ásia. O Bitcoin, principal termômetro do setor, despencou mais de 4,5% no início do pregão em Londres, sendo negociado na casa dos US$ 86.805.

O efeito cascata foi imediato nas altcoins. O Ethereum recuou cerca de 6,1%, atingindo a marca de US$ 2.844, enquanto a Solana perdeu mais de 7% de seu valor, cotada a US$ 127. Até mesmo a Dogecoin, conhecida por sua comunidade engajada, não escapou da liquidação, registrando uma queda de 8,2%. Esse cenário de “sangria” generalizada evidencia um sentimento de cautela extrema por parte dos investidores neste início de mês.

Polkadot sente o impacto da volatilidade

Dentro desse contexto turbulento, a Polkadot (DOT) também sofreu um duro golpe. O ativo registrou uma desvalorização diária expressiva de 9,18%, sendo negociado a US$ 11,00. Durante as negociações do dia, a moeda oscilou entre a mínima de US$ 10,76 e a máxima de US$ 12,21, refletindo a instabilidade do momento.

Apesar da queda recente, a Polkadot mantém uma relevância considerável no ecossistema, ostentando uma capitalização de mercado superior a US$ 18 bilhões. Com uma oferta circulante de aproximadamente 1,64 bilhão de tokens, o projeto continua sendo um dos mais vigiados por analistas que buscam fundamentos de longo prazo, mesmo em meio às correções de preço.

Tecnologia focada em interoperabilidade

A desvalorização pontual contrasta com a proposta técnica robusta do projeto. Criada no final de 2016 e lançada oficialmente em meados de 2020 — período em que seu token chegou a valorizar quase 800% em pouco mais de um ano —, a Polkadot nasceu com uma missão clara: resolver o isolamento das blockchains. Embora redes descentralizadas se vendam como o futuro, a falta de comunicação entre elas sempre foi um gargalo tecnológico.

Para solucionar isso, a plataforma desenvolveu uma arquitetura complexa que atua como uma ponte entre diferentes sistemas. A estrutura é dividida em camadas funcionais: a Relay Chain, que foca na segurança e consenso; as Parachains, que permitem a redes externas criarem seus próprios tokens; e os Parathreads, uma alternativa mais econômica às anteriores. Além disso, as chamadas Bridges (pontes) garantem que todo esse ecossistema converse com blockchains externas, como a do Bitcoin.

Cenário macro e regulação pressionam preços

A queda atual dos preços, no entanto, parece estar menos ligada aos fundamentos técnicos dos projetos e mais associada a fatores externos. Na Ásia, um comunicado emitido no sábado pelo Banco Popular da China, alertando sobre atividades ilegais relacionadas a moedas digitais, gerou apreensão imediata. O aviso pressionou as ações de empresas ligadas a ativos digitais listadas em Hong Kong, que recuaram durante a sessão de segunda-feira.

Simultaneamente, o cenário econômico nos Estados Unidos continua a pesar na decisão dos alocadores de capital. A incerteza sobre um possível corte nas taxas de juros americanas mantém o mercado em alerta. Soma-se a isso o receio de que as avaliações de empresas ligadas à inteligência artificial estejam “esticadas” demais, contribuindo para a volatilidade que marcou novembro e que agora dita o ritmo nervoso dos mercados.